Moraes rejeita possibilidade de Bolsonaro concorrer em 2026
Ministro do STF também criticou falta de regulamentação das redes: ‘Nazistas teriam conquistado o mundo se tivessem acesso ao X’.
Em entrevista à revista The New Yorker, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afastou a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) reverter sua inelegibilidade para concorrer na próxima eleição presidencial, já que ele tem duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O magistrado, no entanto, admite que o ex-presidente pode apoiar a candidatura presidencial de sua mulher, Michelle, ou de um de seus filhos.
Questionado sobre o risco que democracia no Brasil correu com o suposto plano da tentativa de golpe em 2022, Moraes respondeu que houve sim um risco e que ainda há. Ele apontou a participação de oficiais das Forças Armadas e do Alto Comando da Polícia Militar do Distrito Federal durante os atos de 8 de janeiro de 2023.
“A estratégia era de ocupar os prédios governamentais, não necessariamente de destrui-los. Mas você não consegue controlar uma multidão. O verdadeiro objetivo era entrar nos prédios, se recusar a sair e criar uma crise tão severa para que as Forças Armadas fossem forçadas a intervir”, disse.
“Assim que os militares chegassem, eles pediriam suporte para o golpe. Mas o plano falhou. Mesmo com o apoio de alguns líderes militares ao golpe, as Forças Armadas enquanto instituição perceberam que nenhum outro poder iria acompanhá-las”.
Alexandre de Moraes rebateu acusações de que a acusação contra Jair Bolsonaro e outros 33 aliados pela tentativa de golpe de Estado seja perseguição política. Ele afirmou que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) enfraquece o discurso de que se trata de uma perseguição política, uma vez que, além das investigações da Polícia Federal, ainda tem agora o parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A revista The New Yorker publicou um perfil do ministro Alexandre de Moraes, em que conta a trajetória profissional dele, desde a autoria de um best-seller de Direito Constitucional à nomeação para a Suprema Corte. O texto destaca que, enquanto era secretário de Segurança Pública, Moraes mantinha uma linha de “tolerância zero” com o crime que lhe rendia críticas de setores progressistas.
Em seguida, virou ministro da Justiça do governo de Michel Temer. Sua atuação durante um caso de chantagem envolvendo fotos da ex-primeira-dama Marcela Temer rendeu-lhe uma indicação ao Supremo Tribunal Federal.
Com a relatoria de inquéritos contra as milícias digitais e contra a família Bolsonaro, virou o inimigo principal da extrema direita.
O perfil de Moraes foi publicado no formato digital da revista, que é uma das principais publicações da imprensa dos Estados Unidos, na segunda-feira (7) e estará na edição impressa do dia 14 de abril.