Em tom de brincadeira, Bolsonaro convida Moraes para ser seu vice em 2026
Ministro Alexandre de Moraes recusou o convite; declaração de Bolsonaro foi feita durante depoimento no STF.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) brincou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), e convidou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, a ser seu candidato a vice-presidente na eleição presidencial de 2026. “Eu declino”, respondeu, com bom humor, Moraes.
Bolsonaro depõe no âmbito da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente está inelegível após condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante o depoimento, Bolsonaro negou ter editado a “suposta minuta do golpe”. “Não procede o enxugamento. Tem os considerandos”, declarou Bolsonaro.
Na segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid confirmou, em seu depoimento, que o então presidente Jair Bolsonaro recebeu, leu e editou a chamada “minuta do golpe”, que poderia ser usada para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Ele enxugou o documento, retirando as prisões. Apenas o senhor [Moraes] ficaria preso”, disse Cid, que era ajudante de ordens na ocasião.
Bolsonaro é o quarto réu a depor no segundo dia de interrogatórios dos integrantes do chamado “núcleo 1” ou “núcleo crucial” da suposta trama golpista contra Lula.
Antes deles, falam o general Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) e Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e Segurança Pública).
Os interrogatórios acontecem na sala de sessões da Primeira Turma do STF.
O núcleo 1 tem oito réus, incluindo Bolsonaro. Os depoimentos começaram na segunda-feira (9), quando falaram o tenente-coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência) e o deputado federal Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin).
A Primeira Turma julga a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Baseada em investigação da PF, ela diz que o grupo encabeçado por Bolsonaro teve papel central na tentativa de ruptura institucional.
A denúncia foi aceita pelo STF em março.
Os réus respondem por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Somadas, as penas podem chegar a 43 anos de prisão.