A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentaram, nesta terça-feira (20), detalhes sobre a investigação da morte da estudante de 14 anos, esfaqueada por um colega de classe dentro do Colégio Livre Aprender, no Bairro Universitário, em Uberaba, no início de maio.
Dois adolescentes, também de 14 anos, foram apreendidos pela infração análoga ao crime de homicídio.
A apuração indicou que o ataque foi planejado e que a vítima foi escolhida no dia do crime.
O adolescente apontado como executor das facadas entrou com a arma na escola no dia 8 de maio.
Ele foi apreendido horas após o ataque. No dia seguinte, outro menor de 18 anos foi detido.
Ambos estudavam na mesma sala da vítima e sentavam lado a lado.
“Assim que o autor executou o crime, o colega, o partícipe, saiu ao lado dele, caminhando, sem dizer nada a ninguém. Quando retornou, disse que teria ido procurar o executor.
Mas, posteriormente, encontramos elementos que mostram que ele planejou a fuga junto com o autor. A ligação entre eles está bem definida”, explicou o delegado da Polícia Civil, Cyro Outeiro.
A investigação descartou motivações como bullying ou misoginia. Segundo o promotor Diego Aguilar, o adolescente que esfaqueou a garota alegou que sentia inveja da colega de sala.
“O policial militar que o apreendeu ouviu da boca dele o seguinte: ‘Eu fiz porque tinha inveja do fato de ela simbolizar a alegria que eu não tinha.’”
Os dois adolescentes continuam internados provisoriamente em Uberaba e devem receber sentença até junho. “O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que, se a medida de internação for aplicada — que é a mais extrema —, a reclusão máxima é de três anos.
Gostem ou não gostem, é o que a lei determina. Essa é a punição, que, na verdade, é uma medida socioeducativa”, afirmou o promotor.
Agressor entregou bilhete à vítima antes do ataque.
Durante a investigação, a Polícia Civil analisou objetos pessoais dos envolvidos e imagens de câmeras de monitoramento da escola.
Em uma delas é possível ver quando o adolescente entregou um bilhete à estudante, instantes antes de atacá-la. “Essa folha de papel é como se fosse uma sentença de morte.
Mas o bilhete falava de uma morte por estrangulamento”, explicou o promotor André Tuma.
O representante do Ministério Público reforçou que o trabalho da Polícia Civil foi fundamental para esclarecer boatos e informações falsas que circularam após o crime.
“Não há outros envolvidos no planejamento. Não há grupos de internet, seitas, bullying, nada disso. Da mesma forma que não há lista de vítimas. Não há um plano em andamento.”
Entre os materiais analisados, estava um caderno do adolescente que cometeu o ataque. A promotora Fernanda Fiorati explicou que nem todas as anotações estavam relacionadas ao crime.
“Ficou claro que ele tinha gosto por poesia, por escrever, principalmente nas aulas de Filosofia. São textos que mencionam o que ele sente. E, junto desses textos, aparecem, aleatoriamente, alguns símbolos — mas que, em nenhum momento, foram relacionados a seitas religiosas ou a grupos extremistas.”
Reprodução /
Redação